quinta-feira, 19 de abril de 2007

Sonho: irmão do ideal - Marina Castro



Seguir um sonho não é tão fácil o quanto seguir uma idéia. Você acorda cedo, escova os dentes, toma banho, veste a roupa, toma café, escova os dentes de novo, tudo pensando no sonho que te acordou e te deu coragem pra entrar no ônibus lotado de gente esquisita, que não tem o mesmo ideal que você. Você chega, senta no mesmo lugar que senta todas as vezes, as mesmas caras de sono, com os livros abertos e a cara fechada que não te da bom dia e fica te olhando sentar, acompanha todos os seus movimentos e você ali, como eles tentando espantar a vontade de dormir e se concentrar na leitura ou nos exercícios, mas você não é como eles, você segura a caneta, pensando em voltar pra casa, pra reencontrar sua cama e sente saudades até de lavar as malditas louça que ficaram na pia, sente vontade de sair pra passear com o cachorro nas primeiras horas da manhã e o mais imprecionante é que você sente tanta falta da sua vida, que agora é só um sonho que você persegue, que sente saudade até da sua vizinha te gritando na hora do almoço pra ir ajudá-la em algum dos milhares de favores que você sempre odiou fazer.
É hora do almoço, todos saem apressados, indo para suas casas ou indo procurar algum restaurante daqueles que você enche o prato de comida mal feita e paga pouco, mas você está ali, com aquele sonho que conversa contigo, durante algumas garfadas no miojo duro que você teve tempo de fazer antes de sair de casa, você sente vergonha porquê tem um grupo de patricinhas sentadas do seu lado te olhando com aqueles mesmos olhos, que você olhou a mulher que entrou no ônibus com a mesma ladainha: - Meus amigos, por favor conto com um pouco da sua atenção, tenho um filho doente, não tenho trabalho, eu podia estar roubando, eu podia estar matando, eu podia estar fazendo tantas coisas feias mas estou aqui, vendendo esses meuzinho pra comprar um remédio pro meu filho doente... Você olha pra elas e pensa: - Que nojo eu tenho de patys são todas iguais, a mesma cor de cabelo, a mesma escova perfeita, a mesma bolsa importada que daria pra comprar um fusca velha que me levaria até esse maldito lugar que já não aguento mais vir,então você enfia o dedo no nariz pra matar elas de raíva.
Já é hora do intervalo do período da tarde, e você ainda está no seu inferninho particular, cheio de criaturas que passam por você, como se você fosse um vazo de planta, você passa pelos mesmos professores que já te viram até durante quase um ano, você atira os olhos no chão pra ele não te perguntar com o silêncio daquele olhar de mestre: - Nossa aluna, você ainda está aqui até hoje? Mas o seu sonho que é o irmão ciamês do seu ideal te conforta e diz pra você: - Se eu não conseguir posso dar aulas algum dia, já sei tanto todo conteúdo, você sorri por dentro e vai ao banheiro feliz porquê se nada der certo você ainda tem a chance de virar um sofressor.
Na volta pra sala de estudos você acaba sendo humilhada por aquela besteira que o seu coração idiota te permitiu quando você se iludiu com quem nunca te olhou como pessoa, ele passa por você e te olha como se você fosse um papel amassado que jogaram ali e a servente esqueceu de pegar, ele esmaga você como uma formiga idiota que atravessou o caminha, você agora está triste porquê trocou um amigo por alguém que te odiara pelo resto de sua vida ou talves conte em alguma turma uma história sobre a louca aluno que o perseguiu insandecidamente, mas o seu sonho te conforma: - Eu já te avisei que você está aqui é pra estudar!
A manhã e a tarde acabaram com você, suas costas estão doente, o cérebro já não se importa se quer com o grito do seu estômago, você quer ir embora, mas ainda tem que assistir aula, o sonho conversa com o ideal pensando que você não está ouvindo eles combinam: - Temos que fazer alguma coisa por essa moça, faça ela sentir vontade de ser alguém! Você fica ali, naquele banco que já sentou tantas vezes fumando um atrás do outro pra se fazer esquecer da vontade de ir para casa, você lembra de Petropólis: Petropólis é tão maravilhosa que faz você esquecer de tudo, você anda pelas ruas verdes, volta pro hotel, toma um banho, liga a tv e disca para a recepção pedindo mas cobertores, ele te abraça e morde a sua orelha, você fica arrepiada, voc]ê aceita o convite e aqueles lençóis... registram tantas lembranças... Você entra na sala e no meio da aula o professor conta uma piada que você já ouviu várias vezes e mesmo assim ainda sorri junto com a turma, ele te olha no fundo da sala e você pensa: - Meu Deus, que vergonha ele já me viu aqui tantas vezes, deve pensar que sou uma burra, até hoje aqui e ainda não consegui passar.
Quando você volta pra casa entra uma mulher no ônibus: - Meus amigos, me dêem um minuto da sua atenção! Eu tenho cinco filhos, sou da Bahia e vim aqui pra Brasilha pra ganha um lote, ms meu marido me largou e tenho esse fio pequeno e mais quatro lá em casa, eu tenho um sonho, meu sonho é ter uma casa pra morar com meus fios, me ajudem comprando um desses doces...
Então você pensa: - Eu tenho sorte, porquê sou pobre mais o meu sonho me segura pela mão e o meu ideal me empurra da cama e tenho o que comer, tenho dinheiro pra pagar meus estudos e tenho uma casa precisando de reformas, mas graças a Deus não tenho que carregar meu filho numa noite fria e chuvosa pra conseguir vender uma caixa de jujubas.

domingo, 15 de abril de 2007

"Moleca dóida" - Mendigo olhos de anjo



Por: Marina Castro


A moça subia a trilha aberta no meio do gramado, perto da padaria, concentrada em seus pensamentos, foi acordada pela voz de um homem moreno, alto, pés descalços, roupas esfarrapadas e olhos da cor do céu, ficaram parados um olhando para cara do outro, ele com a mão estirada pedindo algumas moedas, ela com o velho trauma q sempre teve,desses pobres miséraveis filhos da desigualdade social q andam por aí, fantasiados de mendigos, garregando no fundo de seus corações sentimentos tão puros, q mesmo a esposa de algum Presidente não teria. Ametrondada, ela se afastou com medo que aquele homem enorme fizesse-lhe algo: - Tenho não, moço! - ele seguiu, repetindo coisas q não se podia entender muito bem, ela chegou na casa do namorado e lhe contou o q havia se passado, o rapaz sorriu e lhe explicou q aquele era o "moleca-dóida", um homem q tinha família e já havia sido policial, mas virou mendigo sabe-se lá porquê.Os dois desceram p ir na padaria e lá estava ele novamente, encostado perto do orelhão logo q os viu começou a repetir: - Moleca dóida, moleca dóida!! - o rapaz apertou-lhe a mão e deu-lhe algum vintem, impresionada, ela o olhava admirada com aqueles olhos tão azuis, sentiu pena de vê-lo no estado tão degradante q a vida lhe vestira.
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O OUTRO LADO DA MOEDA DA PAIXÃO



Por: Marina Castro

Uma manhã, quando estava indo para o trabalho parei em uma banca de revista para tomar cáfé e olhar alguns jornais, tentava acalmar o nervosismo de ter passado uma noite inteira sem dormir, sentei ,me perdi entre as primeiras páginas das q me atraíram, fiquei ali, na mesa, acompanhado por um copo de suco de acerola, segurando um jornal, na agradável companhia da minha bolsa, que nunca ouvira pensamentos tão tristes.
Eu, lamentava, eu ... q no início da maldita noite passada, me arrumei todo, tomei um banho apaixonado de perfume e sentei ali, em frente a maldita tela azul, esperando Marina, dar-me um sinal de vida; nunca senti o gosto da inveja na boca dos meus pensamentos, mas eu tinha q encontrar um idiota àquela hora da manhã, p sentar na minha mesa sem ser convidado e ainda ficar procurando assunto comigo: - O dia hoje está lindo, você não acha, companheiro? Sabe que hoje eu estou apaixonado? – Em que me interessava, naquelas seis
primeiras malditas horas, saber q um estranho estava apaixonado? - Olhei-o como quem lhe dizia: - Parabéns, espero que essa pessoa faça contigo, o que Marina fez comigo, ontem...
Ele continuou ali, comendo o seu pão de queijo, até seus movimentos para segurar a xícara de café, estavam apaixonados, delicado ele levava-a a boca como se estivesse segurando a mão da mulher amada, e’u ali, queimado vivo pelo gosto da inveja em minha boca, Marina era ingrata demais com o meu pobre coração bilhonário de esperanças tolas, sonhei tantos anos com aquele sorriso faceiro, que me acompanhou, até em outros beijos, que dei pela vida afora, pensando em seus lábios maduros de sedução, Marina era tudo pra mim...
Levantei-me antes de terminar o copo de suco, eu estava ferido por saber que aquele dia quando Marina acordasse, ainda estaria apaixonada como disse ao amigo no breve recado a torturar-me da tela cruel, ela estava apaixonada eu tentaria dali em diante me desapaixonar, mas logo naquele maldita manhã o destino apareceu
com seu humor negro, fez questão de me mostrar, que enquanto a dor levava minhas pernas até a empresa, ainda existiam pessoas que não havia sofrido o outro lado da moeda da paixão.